Que seja escuro o dia, mas que não falte luz dentro
de ti; persevera contra o breu, pois no fim da noite nasce novo o sol. Enxerga-te
bom, e bem, porque dentre tantos males e fins o seu é este: ser feliz.
Caminha, toque, ouve que o renovado dia clama por teu
nome e a ti entrega lampejos belos de verdade pura – és completo, como a vida também
o é; tens força bruta deitada no peito e não há rocha, por mais cravada na
terra esteja, a qual suportará teus golpes de verdade.
Que seja amor fogo, e a dor cinza consumida, provento
da brasa ardente, e que ela se desfaça aos ventos e nunca retorne, porque aqui
é casa donde os ventos se renovam. Vá para longe, matéria morta, que de lá tome
nota, e medo, das minhas alegrias e da minha fé – tino que se faz o fogo.
Diga por onde pairar “Lá vais aquele que empunha a espada e o escudo, derrotando os demônios
da alma, desbravador de novos anseios, rei da morada donde os ventos não retornam”.
Sê o amor cura das súplicas, navegantes além-mares, crave aqui sua bandeira e
há de se ver até depois do abrigo do sol.
Seja tu ponte que vai da lamúria à felicidade, e
leve quem necessita a travessia, passando pelo abismo negro de tragédias
várias, mas tu a salvo está – longe de seu contato então. A quem lhe tem amor, tu
serás amor apenas, bússola guiante aos perdidos.
Tornarás tu ao pó, e antes e depois, cobrirá esta
terra – sua vida – com palavras boas e quentes, e risos francos, calorosos
disparos do conteúdo da alma. Torne-te tu no alicerce do mundo, pois é verdade
que o sustento deste vem de tua própria vontade.
Que seja pesada a chuva e gelado sejam tuas gotas, e
que venham direto a mim, não faças curvas; seja o sol brilho que arde, mas ardam
meus olhos que permitirei conhecer o meu âmago, venha Sol, queime o gélido medo
que em mim insiste morada, esse frio de lembrança que não é frio da chuva: esse
reanima meu ser deitado à pedra morta. Não abre ti em abismo eterno, minha
terra, porque daqui parte meu caminho, a procissão minha, e por ele – ai, se
consigo ir além – levo meu rogo de semente boa e próspera e bom será seu fruto.
Tu és produto de sublime criação, então sublime és
tu igualmente, que carrega o segredo da longa vida e os ditos do primeiro dia
do Universo. Se pensares não ser parte deste todo, lembres que o que é o vasto
oceano senão milhões de finas gotas; o que é o mistério além de pequenas
pistas; que é a felicidade feita senão de sorrisos poucos e certeza certa?
A metade em si é integrante do todo, mas ainda assim
é completa por si só – adiciona, então, para a totalidade. Eu e tu somos um elo
da enorme corrente de ouro que trança o passado, presente e futuro. Quem dirá
ao amanhã que venha logo senão nossa vontade de seguir adiante o passo?
Que a vida lhe sorria e ti a ela, pois o que é nossa
barganha senão imagem especular defronte deste espelho? Da dádiva divina tires
tu a parte que lhe cabe e faça dela proveito a tua maneira. Que traga o
nascente dia, ares de renovação e júbilo, e a luz que brilha faça enxergar os
motivos que procuras tu; segue-os então quando em ti trombarem, sem receio
tolo ou ferros aos pés a lhe impedirem o passo – que seja póstuma a relutância.
Seja tu brasão de coragem, e que esteja a tremular
em bandeiras mil. Exemplo de labuta honrada e do suor do que persiste, esse é
teu eu, seja verdade. Que o morro alto e pedregoso saiba que em teus joelhos
suportaria o peso do mundo – como carregou o fardo do desencanto, da angústia,
a sede que a alma por tempo reclamou – e que sinta ele temor, pois vai tu à sua
conquista.
O que é o limite senão peça forjada para sua ambição
adicionar às suas engrenagens, já ornadas de tantas delas. E teu choro é grito heroico,
é água de banho, a corredeira que lava a
poeira que cobre a prata reluzente que sua alma é – e lá no fim vai a
desembocar no mar, aquele das finas gotas, dizer a ele “Cheguei; venci o
caminho tortuoso” – e nele hei de me banhar.
Seja tu a palavra, mesmo que escrita torta, mas
traga significado. Torto, aqui e ali, é também o carvalho que se torce rumo aos
céus, mas que bem oferece sombra e abrigo; dá o fruto tantos outros, e néctar,
e perfumes sem a nada pedir senão o toque de luz e água e maravilhosos outros
elementos de vida, invisíveis, porque também é assim anunciada a beleza das
coisas.
Sê bom professor, e aluno quando necessário, a falar
ao mundo das coisas boas do ser, da riqueza embrenhada no coração. Tu serás parte
importante de muito – não que a mim veja, ou aquele – mas o mundo o faz e esse
transmitirá a nós teus atos, tão certo isso quanto à bem vinda do dia de amanhã.
É tu lírio do campo, fina manta que sustem o céu e tuas
estrelas, e irradia teu brilho. Que sejam dignos teus desígnios em vida e que deles brotem outros mais, a semear boa fartura nos corações de gente: terreno fértil como os sonhos. Que dure em ti o inabalável, o inquebrantável, e devolvida ao esquecimento a dor – destino que não te endereça.
Seja tua vida pleno amor, sendo ele importante, a completar frases que carecem de sentido, estórias de finais, felicidade de gozo.
Gabriel Costa
01/03/2013
Nota do autor:
Se este texto lhe trouxer algum sentimento bom, guarde-o com você. Imprima e cole na parede de seu quarto, no seu trabalho, dê a algum amigo, guarde na carteira, mas faça com que ele não deixe apagar sua vontade de ir em frente. Espero que ao lê-lo, hoje, ou amanhã, ele seja significado de felicidade e esperança.
Dedico a Rafaela Elias e Kamila Souza, que estiveram onde precisei, quando precisei.
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