Saturday, August 26, 2017

Reticente

Sempre penso em voltar a escrever. Às vezes paro para ler alguns textos próprios antigos e me admiro com algumas coisas. Como consigo me expressar de forma espontânea, fluídica, natural. Alguns textos vão sendo apagados, porque nem tudo é lá tão bom assim. Pouca maturidade, pouco conteúdo, muita angústia, ou realidade de menos. Temas variados, momentos de vida variados, sentimentos ainda mais. Porém, em sua maioria me agrada. Provê algum calor ao coração, que por vezes se esfria. Ou o dá mais força, que por vezes vai diminuindo o ritmo. Faz com que aquele amontoado de ideias na cabeça que está emperrado flua. Durante esse tempo que venho escrevendo, recebi diversos elogios, o que foi me motivando cada vez mais a continuar esse "trabalho". Quando isso acontecia, pensava: "Poxa, só abri meu coração em palavras". Nada era roteirizado, ou premeditado. Apenas sentava e digitava. Dava certo.

Por muitas vezes pensei em levar mais a sério uma possível carreira de escritor. Sempre gostei de ler, escrever, mas como um prazer pessoal. Quase a totalidade daquilo que escrevi servia apenas para mim mesmo - sempre achei. Por mais rebuscado que tentava fazê-los, ou com um conteúdo comum a todos, era tudo pessoal. Escrevia como forma de auto conforto, auto ajuda, auto aconselhamento. Não sei se para ser uma válvula de escape, pois acho que existem meios mais eficientes. Mas sempre me aliviei após um texto que achava que devia ser escrito. Durante um período, prendi-me a uma periodicidade mensal, sagrada, obrigatória (já que estava agradando a tantas pessoas, e a mim). Acho que não fui com essa ideia de escritor para frente porque me não me achava nesse patamar. No fundo, sempre achei meus textos um pouco ingênuos ou muito no mundo da lua. A insegurança também não me deixou investir mais. Nem lembro qual foi a última vez que vim aqui.

Posso dizer com certeza que cada vez que cliquei em "publicar", foi movido por um sentimento de felicidade ou tristeza. Será? Agora já não sei. Talvez não. Pode ser que em alguns textos um quê de neutralidade tenha se manisfestado. Além destes, agora me lembro que a superação/aceitação também se fez presente nesses anos. Um efeito dominó: vem a tristeza, depois de um tempo a superação/aceitação, um estado latente de neutralidade para dar espaço para a felicidade. Sim, acho que é isso mesmo. Um ciclo resumido do que as pessoas leram em meus escritos. Não sei se necessariamente nessa ordem, mas é assim que acontece comigo. Com todos.

Não sei quem lerá esse texto. Nunca fui muito de divulgar; uma vez ou outra, quando me sentia inspirado. Ou quando perdia o medo das pessoas descobrirem este meu lado, ou me criticarem. São 01:17 do dia 27/08/2017 e não faço ideia do que se trata esse texto. Estou apenas divagando, meio nostálgico, meio óbvio, meio sem sentido. Existem dias, quando estou completamente absorto em nada, me vem um medo enorme de perder a inspiração, de secar o poço. Não gostaria de ter que aceitar ou conviver com isso. Das poucas coisas que sei fazer, sempre me orgulhei de meus dotes com a escrita - não necessariamente a gramática, mas as ideias que transcrevo. Tenho três livros escritos, parados, esperando um dia verem a luz do dia. Não sei. Hoje me ocupo de tantas outras coisas. Sou músico, sou estudante, sou profissional. Não dá tempo. Ou eu que não dedico tempo a isso?

Quatro minutos se passaram e nada de texto, não é mesmo? Não sou mais de ficar acordado de madrugada; o cansaço da jovem vida adulta me pegou. Isso quer dizer que algo está errado. E sim, está. Existem muitas coisas erradas comigo agora. O problema não é esse; o que me atormenta é a incapacidade de resolvê-los. Logo eu, sempre objetivo, focado, certeiro. E simplesmente não sei o que está acontecendo. Minha mente não pára de processar informação, meu corpo sempre reclamando de algo, minha ansiedade sempre pedindo algo mais, minha impaciência querendo ser mais forte que o próprio tempo.

É horrível ter a certeza de que se falhou miseravelmente em algo que você achava que estava indo razoavelmente bem. E de repente, pimba, na sua cara: não. Horrível admitir os erros (não é o mais nobre dos pensamentos, mas não me julgue, sei que você sente o mesmo). Pior ainda é saber que isso aconteceu não uma vez, mas diversas. E sempre achamos que conseguimos consertar os erros antigos. Vai saber. Será que existe erro que não se conserta? Sou espírita, então não, não me venha com essa. Minhas crenças filosóficas sempre me dão um murro no nariz quando tento encontrar uma solução fácil para as coisas - necessário.

Quero desacelerar o mundo. Voltar no tempo, redizer o que disse, refazer o que fiz, virar aquela esquina, entrar naquela loja. Mas aí percebo que poderia voltar e fazer mil caminhos diferentes; não adiantaria. Eu ainda seria eu. E aí que está o problema. Os caminhos nos levam ao encontro de diversos destinos, do que fazemos deles decidimos nós. Deus não erra quando nos dá o livre arbítrio. Não há como tapear no jogo da vida. Quando queremos que tudo fique mais fácil, toma, o mundo cai nas suas costas. Hoje não está nada fácil.

Será que estou tentando melhorar? É tão difícil assim alterar uma característica ruim em nós? O amor é mesmo forte para nos mudar para algo melhor? Vem de outro lugar essa empurrão? Não sei onde estou procurando meus motivos para seguir com a vida. Ou os motivos estão certos e eu não estou os trabalhando da maneira devida. Não sei. Acho que aquele poço está se esvaziando. Uma pena. Ou às vezes é apenas cansaço (espero). Voltei, não muito coeso, peço desculpas. Nem isto está dando certo. Preciso reaver muitas coisas que pelo visto, ficaram para trás. Reaver-me. 

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